quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Feliz sempre

Tinha acabado de acordar. A menina se levantou com a menor vontade de fazer algo, e se sentou em sua cama quentinha com seu cobertor espalhado organizadamente pela cama. Deu um suspiro. Olhou para a janela aberta que fazia com que o sol invadisse seu quarto levemente escuro. As cortinas dançavam conforme o vento vinha.
Ficou um tempo pensando no que haviam dito a ela uns dias atrás. “Não confio em quem está sempre feliz, não tem como...” foi a frase dita.
“Não confiar? Certo, por mais que a pessoa esteja ou pareça feliz sempre, ela vai ter seus surtos as vezes. Ela pode começar a chorar do nada, não se sentir bem consigo mesma algum dia, ficar com tanta raiva que soca tudo, grita e joga tudo para cima...” – pensou ela baixinho consigo mesma para ninguém da casa ouvir. – “Mas a questão é que ninguém esta sempre feliz. A pessoa que você acha isso simplesmente não demonstra estar triste por mais que o dia esteja sendo horrível para ela. Não que a pessoa seja fraca por não falar para os outros como se sente, ou que não confia em quem esta com ela, mas sim que ela não ache necessidade de compartilhar isso com essas pessoas. Quando ela chega em casa pode desabafar com a mãe ou com o pai sem problema pois eles também já deve ter passado por isso. Ninguém nunca fica triste, chateado, irritado, ou com ciúmes, só não acham o lugar de conforto certo para falar isso...”

A menina se espreguiçou, colocou seus pés descalços no chão e foi em direção a sua cozinha tomar café da manha com sua mãe, seu pai e cachorro. 
Lá sim era seu lugar de conforto.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Seu sorvete de Morango....


- Gosto de ficar olhando o movimento dos carros e da rua.
A menina de cabelos claros, leves, cor mel, delicada falou isso enquanto sentava na mesa do lado de fora de uma das suas sorveterias preferidas com uma senhora toda arrumada que aparentava ser sua avó.
A menina olhava a rua enquanto sua avó sorria e falava :
- Ah, então você deveria ter nascido na minha época. Quando não tínhamos o que fazer, íamos para a janela olhar a rua.
Ela deu um riso e pegou uma colherada de seu sorvete de morango
- Mas em uma cidade assim como São Paulo, nessa época é diferente. Tenho certeza que é muito mais movimentado e bem diferente. Ainda mais as pessoas ! Por Exemplo, olha esse homem bem arrumado, com uma maleta de trabalho. Se ele está tão arrumado, porque não pegou seu carro ou um táxi ? Não vemos tantas pessoas assim andando na rua.
Enquanto a menina falava desse tal homem, eu o acompanhava com os olhos, e ouvia atentamente o que a menina falava. Ela parecia ter minha idade. Engraçado que nunca tinha pensado assim. A menina ia conversando com a avó, e eu sentia que fazia parte da conversa também por estar rindo das mesmas coisas que elas falavam, ou até das historias que a avó estava se lembrando de sua infância.
- E esse moço engraçado ? Ele anda engraçado, tem uma cara engraçada, e deve estar indo á um lugar engraçado. Aposto que não tinha gente igual a ele na sua rua vó.
A avó começou a rir, e a menina também  Claro que ri junto, então a menina percebeu e me olhou com um leve sorriso no rosto. Devolvi o sorriso e levei meu olhar a rua que era um dos pontos mais interessantes.
A menina e sua avó se levantaram, jogaram seus copinhos de sorvete no lixo e saíram.
- Vamos voltar para o hospital vai. Seu pai já deve estar esperando a nossa visita.
Ela sorriu e balançou a cabeça em concordância. Elas iam o caminho todo rindo, e contando historias.
Em uma sentada para um sorvete ri bastante com historias e pensamentos de pessoas que nem conheço e que estavam alegres mesmo indo a um lugar ruim, ver uma pessoa em não tão bom estado.
Isso sim foi uma boa sobremesa.

sábado, 11 de maio de 2013

O Velhinho da Coca que Cola


Todo o sábado de manha vou á padaria comprar sempre as mesmas coisas e nesse vai e vem, sempre acabo encontrando um senhor bem velhinho e mal humorado. O engraçado é que é sempre o mesmo velhinho. Ele sempre falava o simples “Bom dia”

Outro sábado desses, já sabia o que esperar no elevador, então preparei minha cara de “senhor, já sei que você não gosta de mim, mas Bom dia”. Mas não foi o que eu esperava.

Sim, no elevador tinha um senhor velhinho, mas não era o mesmo. Esse, de aparência, parecia com o Papai Noel que a Coca-Cola sempre coloca em suas propagandas no Natal sabe? Com as bochechas rosadas, cabelos brancos, bochechudo. Ele só não tinha a barba longa branca, e ele usava uns óculos que eram maiores que seus olhos. Ele também tinha um sotaque engraçado. Acho que ele não nasceu aqui, ou se mudou para o Brasil a pouco tempo. Ele até parecia com o outro senhor, mas a diferença é que esse sorria para tudo.

- Bom dia
- Bom dia! E que belo dia, não?
- Sim!

Ele deu uma olhada nos botões do elevador, ainda sorrindo e olhou para mim, dando uma leve risada. De repente, quando ouvi sua voz que parecia um trovão com sotaque quebrando o silencio, pude ate sentir minhas orelhas tremerem.

- Me diga uma coisa...

Quando o tal senhor tinha dito isso, arregalei meus olhos e comecei a prestar atenção para responder.

- Se você colocar uma Coca na cabeça e dar um passo para o lado, ela cai?
Ri dessa simples pergunta, e fascinada pelo senhor que parecia uma bela criança rindo e fazendo piadinhas, respondi um tranquilo e sorridente “Não sei” só para ver ele animado em responder.

- Claro que não, porque Coca-Cola. Entendeu?! Coca- COLA AHAHAHAHAHA.

Eu e ele começamos a rir. Pra falar a verdade, eu estava rindo da animação dele. Esse senhor era uma pessoa ótima e interessante.
Parecia que nada o impedia de ser feliz e brincar, mesmo não sendo mais uma criança.
O elevador parou, ele me deu um sorriso e disse “Tchau querida, tenha um bom dia”. Nisso ele empurrou a porta, entrou em seu andar e mesmo com a porta do elevador fechada e ele andando, ainda pude ouvir sua risada.

domingo, 10 de março de 2013

Sardinhas


Adoro quando acontecem coisas inesperadas e fora do cotidiano. Como por exemplo, andar de ônibus.
Eu não costumo andar naquele enorme veículo, que transporta mais de 10 pessoas pelas ruas de São Paulo, tendo até faixa exclusiva para ele andar.
Um dia desses, fui andar de ônibus para ir à casa de minha amiga, que já é acostumada a andar no tal veículo. Dessa vez, ele estava lotado. Cheio de gente apertada. Parecia que eu estava dentro de uma lata de sardinha.
Enquanto nossos amigos falavam, para nos distrair do desconforto na lata gigante de sardinhas, eu observo.
Olha que engraçado: eu aqui indo a um lugar, essa senhora de cabelos brancos, e chinelos de dedos pode estar indo ao mesmo lugar ou perto dele. Posso ate pensar que essas pessoas estão me seguindo, pois podem estar indo ao mesmo lugar que eu, mas não para fazer a mesma coisa.
Elas também podem estar indo a lugar muito diferentes, como esse senhor alto, moreno e com roupa de executivo. Será que ele está voltando do escritório com uma noticia ruim para a família? Será que ele tem família? E se for uma boa noticia, pra quem ele vai contar? Bom, isso só ele sabe. Haviam tantas sardinhas diferentes que eu poderia passar o dia só observando e pensando. No meio dessa bagunça de lotação, seria engraçado achar alguém conhecido.
Mas e essa moça loira com cara de quem esta com tanto tédio que poderia dormir a qualquer momento? E esse moço moreno e não muito alto com a mesma cara de tédio? Eles poderiam ficar juntos... As caras de tédio combinam, sabe?
Ouço alguém me chamar, interrompendo meus pensamentos. Mas era em tom de pergunta. A voz era muito calma, e doce. Claro que me mexi pra saber quem estava me chamando. Então vi qual das sardinhas estava me chamando: ela era ruiva, com os cabelos cor de cobre e leves como o vento. Suas bochechas eram rosadas e grandes. Seu nariz era bem pequenino, e combinava com seu rosto meio amassado por estar no meio da lotação.Ela não era tão alta, mas não era baixa.
Viro minha cabeça, e passo por umas 9 pessoas para chegar àquela outra pessoa. Claro que aquilo era inesperado, sabe, encontrar minha mãe no ônibus lotado de sardinhas foi para minha lista de ouro.
Como eu disse, adoro quando acontecem coisas inesperadas e fora do cotidiano.

sábado, 2 de março de 2013

Eu gosto de...

Ei, já parou pra pensar nas pequenas, e as vezes bobinhas coisas que nós gostamos de fazer ? Que as vezes fazemos não porque precisamos, mas simplesmente porque gostamos ? Eu já, e percebi que gosto de fazer muitas coisas que as vezes nem percebo, porque estão na minha "rotina" como :

- Abrir a geladeira, só pra ficar olhando.
- Assobiar.
- Colocar a mão na maçaneta da porta.
- Sentar no braço do sofá
- Encostar na parede geladinha quando está calor.
- Comer o recheio da bolacha
- Abrir potes.
- Colocar o furo do macarrão penne em um dos dentes do garfo
- Usar lápis colorido
- Cozinhar
- Andar descalça
- Rasgar um papel
- Sentar no chão
- Deixar só os meus pés pra fora do cobertor.

Essas são algumas pequenas coisas que eu adoro fazer. E você ? Quais são as coisas da sua rotina que gosta de fazer ?  Se você parar para pensar, vai ver que você faz essas pequenas coisas sem perceber. Pare e pense : O que te deixa feliz ?

Mergulho Infinito

Depois de suar por ter corrido 7 minutos, uma sensação percorria meu corpo. Parecia
mais uma necessidade de algo. Olhei uma garrafa de água em minha mesa, e fiquei
a encarando por um tempo. Sim, acho que era aquilo que eu estava precisando, um
belo gole d'água Peguei aquela garrafinha e levei em direção a minha boca. Só de
pensar naquela água geladinha fiquei animada. Só de pensar nela, minha sede já
tinha desaparecido. O que será que eu faria depois de matar minha sede ? Talvez
beber mais água ? Mas, se eu parar de beber, a sede vai passar por completo?
Enquanto pensava, virei a garrafa e depois de alguns segundos senti um alivio, uma
felicidade. Sentia aquela água matando toda aquela necessidade, cada pedacinho
dela. Parecia que estava "completa".
Será que continuo a beber ? Já matei minha sede, mas e agora ?
Beber essa água me da vontade de entrar em uma piscina, ou no mar.
Mar...... Piscina ... nossa, como eu amo água. Como será que é a sensação de ser
um peixe ? Sabe, viver na água. Deve ser como dar um mergulho infinito.... Como ia
ser maravilhoso dar um mergulho infinito... Poderia fazer a festa do mergulho infinito.
Parei de dar goles, fechei a garrafa e me senti aliviada. Pronto ! A sede passou.